A avaliação pré-participação é uma consulta médica onde avaliamos se há risco para a realização de atividade física e orientamos qual a melhor estratégia de atividade física para alcançar seus objetivos. O resultado desta avaliação pode ser o atestado de liberação para a prática de exercícios ou mesmo a identificação de doenças que necessitem de investigação ou tratamento.
Apesar de exercício físico realizado com frequência ser bom para a saúde, é importante entender que enquanto realizamos exercícios, as exigências sobre o coração são maiores. Durante o exercício a frequência cardíaca (número de batimentos por minuto) aumenta, a pressão arterial aumenta, as necessidades de oxigênio do coração também aumentam. É neste período que existe maior chance de ocorrência de arritmias, infarto, e a temida morte súbita. Para ficar mais claro, imagine que você tem um carro velho, que vive dando defeito. Você pode até utilizá-lo para pequenos deslocamentos, mas não vai programar uma viagem longa com ele. Traçando um paralelo onde o exercício físico é este deslocamento e o coração é o carro velho, pode existir a situação em que você foi avaliado e sabe que a atividade física foi contraindicada até que o motor esteja em melhores condições. Porém, digamos que este carro só seja usado para pequenos trajetos e nunca tenha dado problema, apesar de não ser tão novo assim. Um belo dia, sem fazer revisão nenhuma, nem consultar seu mecânico, você resolve fazer uma viagem e enguiça no meio do caminho. É o que pode acontecer com quem faz atividade física sem avaliação médica adequada.
Assim, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o objetivo principal da avaliação pré-participação não é obter o atestado, mas sim prevenir o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e ocorrência de morte súbita por meio da proibição temporária ou definitiva da realização de atividades físicas ou do tratamento de condições que possam ser potencialmente fatais e desencadeadas pelo exercício físico. Particularmente, acredito que a avaliação pré-participação tenha um caráter menos proibitivo, e mais de orientação, detectando e orientando limites (se existentes) para a prática saudável e segura de atividade física.
A American Heart Association, a European Society of Cardiology, a Sociedade Brasileira de Cardiologia e a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte concordam que todos os atletas profissionais e os indivíduos que mesmo não sendo profissionais realizem exercícios de moderada a alta intensidade devem passar por avaliação médica periódica incluindo consulta clínica e alguns exames, como o eletrocardiograma. Alguns indivíduos realizam atividades de baixa e moderada intensidade, em áreas externas (como por exemplo, caminhar na praia) onde não são exigidos atestados. Ainda assim, a avaliação médica seria indicada antes que fossem iniciadas atividades físicas.